STORY TIME é uma série no blog que serve para que eu divida algumas short stories que tenho arquivadas no meu computador ou que não possuíam finalidade definida.O asfalto molhado servia para refletir as luzes da cidade. Os carros parados no trânsito tornava da janela do táxi branco um apoio para a mulher. O som abafado de uma rádio qualquer atravessava a separação de vidro entre motorista e passageiro enquanto ela tentava checar seus e-mails antes de entrar no avião. O caminho para o aeroporto demoraria mais alguns minutos mas ela estava adiantada para o próximo vôo, então não teria problema. A mala grande carregava mais do que suas roupas, incluía também aqueles sonhos amassados e antigos que ela achou que nunca iria resgatar. A passagem pesava na sua bolsa pois com ela vinha a esperança de um futuro.
"Uma nova cidade, um novo começo", ela repetia para si mesma. Uma oportunidade de começar do zero, sendo finalmente honesta consigo mesma e com quem ela gostaria de um dia se tornar. As chances sempre estiveram ali para serem tomadas, mas ela nunca tivera a coragem de pular de cabeça naquilo que sempre quis. Viu, entretanto, naquela oportunidade de trabalho, um momento único que não poderia ser desperdiçado.
Os minutos passavam e sua mente continuava a divagar sobre como seriam as novas ruas, o seu novo apartamento, seus novos colegas de trabalho… Seu coração parecia um caldeirão de sentimentos: angústia por não saber o que vinha à seguir, ansiedade para algo novo, medo do desconhecido, saudade já pelo que ela estaria deixando para trás, gratidão pelo que passou mas ao mesmo tempo cansaço da mesma rotina. Antes que ela pudesse apontar qual desses tantos sentimentos estava mexendo com seu estômago, o trânsito começou a andar e o caminho para o aeroporto se encurtava a cada quadra.
Com a ajuda do motorista, que recebeu 5 reais de caxinha, ela tirou suas grandes malas e uma caixa de pertences pessoais do porta malas antes de entrar no aeroporto com suas luzes brilhantes. Check-in, filas, passagens, documentos. Alguns minutos depois, uma grande janela de vidro estava à sua frente na sala de embarque. O céu já estava estrelado, as luzes da cidade eram vistas ao horizonte enquanto alguns aviões passavam de lá pra cá. Dava pra ver alguns pousando e outros decolando.
O barulho dentro da sala era mínimo - algumas crianças de férias a acompanhariam no seu vôo, assim como outros trabalhadores em viagens profissionais, alguns casais em lua de mel e até mesmo alguns senhores de idade aproveitando a aposentadoria. Suas mãos inquietas não sabiam onde ficar, decidindo-se entre a barra da blusa e o chaveiro da bolsa. As luzes refletidas na janela, entretanto, aos poucos a acalmavam.
"Vôo 8435 em direção ao Rio de Janeiro está embarcando agora pelo portão de número 2". E ali começava uma nova jornada.
Qualquer crítica construtiva ou sugestão de temas para próximas STORY TIMES, caixa dos comentários! E não esqueçam de nos seguir nas mídias sociais ali do ladinho!
Nenhum comentário:
Postar um comentário